Análise dos smart contracts à luz do princípio da função social dos contratos no direito brasileiro
Antonio Carlos Efing
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)
Adrielly Pinho dos Santos
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)
PDF
HTML

Palavras-chave

Tecnologia
Contratos eletrônicos
Smart contracts
Função social

Como Citar

Efing, A., & Pinho dos Santos, A. (2018). Análise dos smart contracts à luz do princípio da função social dos contratos no direito brasileiro. Direito E Desenvolvimento, 9(2), 49-64. https://doi.org/10.25246/direitoedesenvolvimento.v9i2.755

Resumo

Smart contracts são criados por meio de códigos computacionais para execução automática de seus termos após a implementação da condição avençada pelas partes. Apresentam-se como fruto da Revolução Tecnológica, especialmente com o advento da internet e ganham relevância no mundo negocial após o surgimento da tecnologia blockchain, a qual permite o armazenamento dos códigos em cadeia de blocos, reduzindo os custos de execução contratual. Assim, os códigos que dão origem aos contratos inteligentes serão autoexecutáveis, autoaplicáveis e obrigatórios, e nada poderá interferir na produção dos efeitos jurídicos avençados pelas partes. São inúmeros desafios jurídicos impostos à realização dos smart contracts no Brasil, principalmente, porque inexistem leis específicas para tutela desta inovação contratual. A pesquisa buscou verificar a existência de obstáculos a execução destes contratos, à luz do princípio da função social dos contratos, por tratar-se norma principiológica cuja aplicação é indispensável a garantia do equilíbrio entre as partes durante todas as fases contratuais. Constatou-se, por meio do método dedutivo e procedimento monográfico, que as próprias características dos smart contracts executados em blockhain, obstam a efetividade das garantias inerentes ao princípio da função social, ante a irreversibilidade dos efeitos jurídicos produzidos, evidenciando, pois, a relevância do tema para a ciência jurídica.

PDF
HTML

Referências

AGUIAR JR, Ruy Rosado de. Conselho de Justiça Federal. In: V JORNADAS DE DIREITO CIVIL. 2012. Brasília. Anais Eletrônico... Brasília: CJF, 2012. Disponível em: http://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/jornadas-cej/vjornadadireitocivil2012.pdf. Acesso em: 22 abr. 2018.

BASHIR, Imran. Mastering blockchain: distributed ledgers, decentralization and smart contracts explained. Packt: Birmigham, UK, 2017.

BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Tradução por Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.

BECK, Ulrich. La sociedad del riesgo global. España: Siglo Veintiuno, 2002.

BELLOIR, Arnaud Marie Pie; POSSIGNOLO, André Trapani Costa. Ensaio de classificação das teorias sobre a função social do contrato. Revista Brasileira de Direito Civil – RBDCivil, Belo Horizonte, v. 11, p. 37-56, jan./mar. 2017. Disponível em: https://rbdcivil.ibdcivil.org.br/rbdc/article/view/7/6. Acesso em: 02 out. 2018.

BHEEMAIAH, Kariappa. The blockchain alternative: rethinking macroeconomic policy and economic theory. Paris, France, 2017.

BRANDÃO, Fernanda Holanda V; VASCONCELOS, Fernando A. As redes sociais e a evolução da informação no século XXI. Direito e Desenvolvimento, João Pessoa, v. 4, n. 7, p. 125-144, jan./jun. 2013. Disponível em: https://periodicos.unipe.br/index.php/direitoedesenvolvimento/article/view/225/207. Acesso em: 20 abr. 2018.

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Brasília, Diário Oficial, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 21 abr. 2018.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo em Recurso Especial nº 1.214.641. Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze. Terceira Turma. Julgado em 13/03/2018. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/inteiroteor/?num_registro=201703096405&dt_publicacao=26/03/2018. Acesso em: 02 out. 2018.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n.º 1699780/SP. Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze. Terceira Turma. Julgado em 11/09/2018. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=84506191&num_registro=201702389420&data=20180917&tipo=51&formato=PDF. Acesso em: 02 out. 2018.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental em Recurso Especial n.º 1363814/PR. Rel. Ministro Moura Ribeiro. Julgado em 17/12/2015. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=48641103&num_registro=201200775677&data=20160203&tipo=91&formato=PDF. Acesso em: 02 out. 2018.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n.º 1580278/SP. Rel. Ministra Nancy Andrighi. Julgado em 21/08/2018. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=86075360&num_registro=201600212683&data=20180903&tipo=5&formato=PDF. Acesso em: 02 out. 2018.

CAPPELA, Juan Ramón. Os cidadãos servos. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1998.

DAHINTEN, Augusto Franke; DAHITEN, Bernardo Franke. O Princípio da Função Social e o Contrato de Seguro: algumas implicações práticas à luz da jurisprudência. Revista de Direito Civil Contemporâneo, v. 9, p. 141-158, 2016. Disponível em: http://ojs.direitocivilcontemporaneo.com/index.php/rdcc/article/view/179. Acesso em: 02 out. 2018.

EFING, Antônio Carlos; FREITAS, Cinthia Obladen de Almendra (org). Direito e questões tecnológicas: aplicados no desenvolvimento social. V. 2. Curitiba: Juruá, 2012.

EFING, Antônio Carlos; FREITAS, Cinthia Obladen de Almendra (org). FREITAS, Cinthia Obladen Almendra; PARCHEN, Charles Emmanuel. Computação em nuvem e aspectos jurídicos da segurança da informação. Revista Jurídica Cesumar, v. 13, n. 1, 2013. p. 346. Disponível em: http://periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/revjuridica/article/view/2705/1905. Acesso em: 22 abr. 2018.

FACHIN, Luiz Edson. Contratos e ordem pública. In: MIRAGEM, B.; MARQUES, C. L. (Org.). Doutrinas Essenciais de Direito do Consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, v. 3, 2011.

FREITAS, C. O. A.; BATISTA, O. H. S. Neuromarketing e as Novas Modalidades de Comércio Eletrônico (m-s-t-f-commerce) frente ao Código de Defesa do Consumidor. Derecho y Cambio Social, v. 42, p. 3, 2015. Disponível em: https://www.derechoycambiosocial.com/revista042/NEUROMARKETING_E_ AS_NOVAS_MODALIDADES_DE_COMERCIO_ELETRONICO.pdf. Acesso em: 17 abr. 2018.

GATTESCHI, Valentina; ORCID, Fabrizio Lamberti; ORCID, Claudio Demartini; PRANTEDA, Chiara; SANTAMARÍA, Victor. Blockchain and Smart Contracts for Insurance: Is the Technology Mature Enough? Future Internet, v. 10, fev. 2018. Disponível em: http://www.mdpi.com/1999-5903/10/2/20/htm. Acesso em: 04 abr. 2018.

GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. Tradução por Raul Fiker. São Paulo: Unesp, 1991.

LACERDA, Eduardo. A segunda era da Internet, as infraestruturas de assinaturas digitais e os entes confiáveis KSI, PKI e Blockchain Permissionado. Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, Brasília, 2017. Disponível em: http://www.iti.gov.br/images/repositorio/publicacoes_tecnicas/_A_segunda_era_da_Internet_ as_infraestruturas_de_assinaturas_digitais_e_os_entes_confi%C3%A1veis_KSI_PKI_e_Blockchain_ Permissionado.pdf. Acesso em: 16 abr. 2018.

LEÃO, Luana da Costa. As relações negociais eletrônicas. Revista de Direito Empresarial, v. 6, nov-dez, 2014. Disponível em: https://bdjur.stj.jus.br/jspui/handle/2011/83147. Acesso em: 02. out. 2018.

LÔBO, Paulo. Direito civil: contratos. 3. São Paulo: Saraiva, 2016. Recurso online.

MARQUES, Verônica Teixeira; OLIVEIRA, Liziane Paixão Silva; SÁTIRO, Guadalupe Souza. O reconhecimento jurídico do direito ao desenvolvimento como um direito humano e sua proteção internacional e constitucional. Direito e Desenvolvimento, João Pessoa, v. 7, n. 13, p. 170-189. Disponível em: https://periodicos.unipe.br/index.php/direitoedesenvolvimento/article/view/307/289. Acesso em: 20 abr. 2018.

NADER, Paulo. Curso direito civil: contratos. v.3, 8.ed. Rio de Janeiro: Forense, Ebook. 2015.

NALIN, Paulo. A força obrigatória dos contratos no Brasil: uma visão contemporânea e aplicada à luz da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça em vista dos princípios sociais dos contratos. Revista do Instituto Brasileiro de Direito Civil - IBDCivil, v. 1, 2014. p. 115. Disponível em: https://rbdcivil.ibdcivil.org.br/rbdc/article/view/133/129. Acesso em: 06 maio 2018.

NALIN, Paulo. A função social do contrato no futuro Código Civil brasileiro. In: TEPEDINO, Gustavo; FACHIN, Luiz Edson. Doutrinas essenciais: obrigações e contratos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 7 v. 2011.

PEREIRA, Caio Mario da Silva. Instituições de direito civil, v.3 contratos. Atual. Caitlin Mulholland. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. Ebook.

THEODORO JÚNIOR, Humberto. O contrato e sua função social. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014. E-book.

UNIÃO EUROPEIA. Regulamento 2016/679 do Parlamento europeu e do Conselho de 27 de abril de 2016. Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados. Jornal Oficial da União Europeia, Bruxelas, 2016. Disponível em: https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/HTML/?uri=CELEX:32016R0679&from=PT. Acesso em: 05 maio 2018.
Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Downloads

Não há dados estatísticos.